Maconha Medicinal e o Combate ao Câncer

#PraCegoVer: Em destaque, fotografia de uma pessoa segurando folhas de maconha feitas de papel em suas mãos, durante o dia da maconha medicinal, celebrado em SP.

No Brasil, os pacientes com câncer ainda precisam se submeter a tratamentos agressivos e nem sempre eficazes e a maconha vem demonstrando eficácia tanto na redução dos efeitos colaterais como no tratamento da doença. Entenda mais sobre esse importante tema no artigo de opinião de Nah Brisa.

Durante todo o mês de outubro ocorreram as campanhas de combate ao câncer de mama e desde o início de novembro acontece a campanha nacional de combate ao câncer de próstata. Ambas são campanhas importantíssimas, sérias e que merecem a atenção de todos.

Nós do ativismo pela legalização da maconha acreditamos que as pessoas têm direito a mais. Mais informação, mais opções de escolha, mais qualidade de vida. Assim, precisamos advertir que o mês de novembro é também o mês da maconha medicinal, tanto que o Dia de Combate ao Câncer, 27, foi escolhido para ser também o Dia Nacional pela Legalização da Maconha, a fim de conscientizar a população sobre as inúmeras possibilidades medicinais da cannabis, uma alternativa segura aos tratamentos agressivos, e nem sempre eficazes, aos quais somos submetidos – obrigados – hoje.

As propriedades medicinais da maconha já são de conhecimento de muitos países onde o uso para fins terapêuticos vem sendo regulamentado. Nesses lugares, já existem inúmeros casos de cura de cânceres de diversas naturezas (pele, cerebral, próstata, mama etc.), como também para diversas outras doenças, com o tratamento à base do óleo de haxixe.

Exemplos para serem citados não faltam, como o caso da pequena Charlotte Figi, do Colorado (EUA), de dez anos que aos dois foi diagnosticada com Síndrome de Dravet, um tipo raro de epilepsia. Aos cinco anos de idade, Charlotte tinha 300 convulsões por semana, além de várias paradas cardíacas, e os médicos já não sabiam mais o que fazer. Desesperados para salvar a filha e sem esperanças nos tratamentos convencionais, os pais da menina resolveram apelar para algo que antes lhes parecia absurdo: tratamento com óleo de maconha.

“Tentamos todo o possível, e os doutores continuavam dizendo que ela ia morrer. Quando Matt me falou sobre o tratamento, fiquei horrorizada, mas estávamos tão desesperados que decidimos tentar”, segundo Paige Figi, mãe de Charlotte, em entrevista ao Daily Mail. “Charlotte está comendo e bebendo sozinha pela primeira vez em anos. Ela está dormindo bem todas as noites. O seu comportamento de automutilação, choro, movimentos repetitivos, violência, fuga do contato olho no olho, insônia, falta de contato social é coisa do passado. Ela está com a mente tranquila, está focada, não tem mais déficit de atenção. Seus desmaios, que antes chegavam a 300 incidentes semanais, diminuíram para apenas três. Charlotte monta em cavalos, patina, pinta, dança, faz caminhadas. Pela primeira vez ela fez amigos. Seu cérebro está sendo curado. Ela está saudável. Ela está feliz.”, relatou Paige em um blog, na época em que iniciou o tratamento com óleo de maconha.

Gostaria de deixar aos leitores uma pergunta no ar. E se for a sua filha? E se for com alguém de sua família? Irá ficar sentado ouvindo os médicos dizerem que a morte é questão de tempo? Ou irá abrir a sua mente?

No caso de decidir abrir a mente, irá se deparar novamente com um problema, pois estamos no Brasil e a maconha medicinal ainda é proibida e, salvo alguns poucos casos de autorizações para o cultivo, o acesso à mesma ainda é difícil perante a lentidão da burocracia e ao alto custo de importação.

E como o nosso assunto é o combate ao câncer, posso também citar o caso da escocesa Lynn Cameron que, em 2013, foi diagnosticada com um tumor cerebral “incurável” e passou por cirurgia e sessões de quimioterapia e radioterapia agressivas que não surtiram efeito. Os médicos lhe deram de 6 a 18 meses de vida, porém ela não desistiu e, ao pesquisar por tratamentos alternativos, descobriu os efeitos de cura do óleo de maconha.

Lynn, mesmo diante a desaprovação dos médicos, passou a usar o óleo à base de cannabis e demonstrou melhoras logo nas primeiras varreduras cerebrais. Na sexta ressonância, o câncer havia desaparecido. Hoje, Lynn é membro do grupo “Medical Cannabis Reform Scotland” e sua missão é impulsionar a reforma das leis proibitivas atuais em torno do uso medicinal da maconha.

Novamente, gostaria de deixar uma pergunta no ar. E aí? E se você, caro leitor, receber um diagnóstico de câncer? Ainda vai achar que maconha é coisa de drogado, e que lutar pela legalização dela é não ter mais o que fazer? Vai continuar bebendo cerveja, tomando rivotril, dando aspirina e açúcar pro seu filho e chamando os que querem debater de viciados? Continuar na ignorância? Até quando? Até quando isso custar a sua vida ou a de quem você ama?

A atual lei de drogas é ineficaz, violenta e mercenária, uma vez que criminaliza o usuário e defende o grande traficante. Não aquele pobre favelado com uma ak47 na mão, mas aquele milionário engravatado que recebe propina no conforto de seu escritório, que controla a distribuição, que está legislando para garantir que a lei não mude e que ele continue recebendo o seu dinheiro sujo e você continue sem saber o quanto a sociedade em que vive poderia ser melhor sem essa guerra absurda, que só faz destruir vidas, famílias e todo um país.

Precisamos quebrar os pré-conceitos, nos informar, lutar por uma sociedade mais justa, mais saudável, mais pacífica e, principalmente, menos hipócrita. É hora de sair da zona de conforto e dar o primeiro passo rumo a um Brasil mais consciente, onde não se julgue sem conhecimento de causa. Afinal, com tudo o que sabemos hoje, lutar pelo combate ao câncer sem defender a Maconha Medicinal é, além de hipocrisia, uma tolice.

Um Dia pela Maconha Medicinal

O dia 27 de novembro é lembrado nacionalmente como o dia de combate ao câncer. A Rede Nacional de Coletivos e Ativistas Antiproibicionistas aproveita a data, desde 2012, para realizar uma manifestação que informe a população sobre os usos medicinais da maconha.

Com a presença de militantes, juristas, políticos, médicos, pacientes e seus familiares, o evento deste dia 27 reuniu mais de 500 pessoas na frente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, com um único objetivo: Normalizar para toda a sociedade os benefícios terapêuticos da maconha.

A luta pela legalização da maconha não faz apologia às drogas, mas sim apologia à vida!

Abrace essa luta, não espere ser mais uma vítima para se preocupar em defender a cura.

Sobre Nah Brisa

Sem formação, roteiro ou pretensão. Gosta de ligar a câmera, acender um e escrever à mão. Prefere sempre sentar no chão. Não acredita em nada e acha que nada é impossível. Também sabe que essa descrição tá horrível.
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