Maconha legal completa 5 anos no Colorado lucrativa, mas questionada

Fotografia lateral e em plano americano de um homem vestindo camisa branca e bermuda de cor clara e manuseando algumas das plantas de um grande cultivo da maconha indoor; na lateral esquerda da foto vemos uma planta de cannabis no primeiro plano (fora de foco) seguida por uma fileira de outras tantas que passa atrás do homem que se encontra em um estreito corredor entre as plantas; na parte de cima pode-se ver um telhado de vidro transparente sobre uma estrutura de metal. Colorado.

Apesar da lucrativa indústria e uma importante fonte de receitas fiscais, a legalização da maconha no Colorado ainda é questionada por razões morais e de saúde. As informações são de Francisco Miraval para EFE.

A maconha para uso recreativo completa cinco anos de legalidade no estado do Colorado, nos Estados Unidos, onde se transformou em uma lucrativa indústria e em uma importante fonte de receitas fiscais, mas onde ainda é questionada por razões morais e de saúde.

Em 2012, por meio de uma emenda constitucional, o Colorado foi o primeiro estado dos EUA – hoje são dez – a legalizar o uso e a venda de maconha recreativa.

A primeira loja abriu em 1º de janeiro de 2014 e desde então já foram vendidos US$ 6 bilhões em maconha recreativa, dos quais US$ 1,5 bilhão corresponderam a 2017.

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Esse número será provavelmente superado neste ano, segundo o Departamento de Impostos do Colorado, que arrecada por ano mais de US$ 200 milhões pelas vendas de maconha recreativa.

Segundo declarou à Agência Efe Kristi Kelly, diretora-executiva do Grupo da Indústria da Maconha (MIG, na sigla em inglês), graças à cooperação da indústria com as autoridades estatais, as forças da ordem e a comunidade, “as coisas funcionaram bem” nestes cinco anos.

A maconha recreativa no Colorado é submetida a “um sistema altamente regulado, com requisitos de verificação, empacotamento e etiquetagem, assim como regras de segurança”, afirmou Kelly, que, no entanto, reconhece a existência de “um pequeno grupo” que segue cultivando, vendendo e distribuindo fora da lei.

“A maconha continua sendo ilegal em nível federal e por bons motivos, porque leva à violência, ao crime e à imoralidade”, declarou, por sua vez, Fidel Montoya, ex-chefe de segurança pública de Denver e dirigente do movimento contra a legalização.

Segundo sua opinião, “a maconha recreativa, usada pela sedução dos todo-poderosos dólares, diminuiu a nossa qualidade de vida”.

No entanto, o Departamento de Segurança Pública do Colorado informou em outubro que as detenções relacionadas com maconha caíram 52% entre 2012 e 2017

Também houve 33% menos de acidentes de trânsito causados por pessoas que tinham o nível de THC, o princípio ativo da maconha, acima do limite legal.

Porém, como era de se esperar, o uso da maconha recreativa cresceu entre os adultos nestes cinco anos.

Os que consomem essa substância uma vez por mês passaram de 13,6% do total antes da legalização para 15,5% atualmente, enquanto os adultos que a consomem diariamente passaram de 6% para 7,6%.

Não ocorreu o mesmo com os adolescentes, segundo a Pesquisa de Saúde de Crianças do Colorado (HKCS), que mostrou que a legalização da maconha não provocou um aumento do acesso a essa substância entre menores e que, de fato, caiu a porcentagem de menores de 13 anos que a consomem, de 9,2% em 2015 a 6,5% em 2017.

Montoya não acredita nesses números e defende que o uso da maconha “leva a outras drogas, como cocaína e metanfetamina”.

“Os educadores me informaram que a maconha recreativa causou um aumento de ausência de estudantes, deserção escolar e visitas a salas de emergência”, disse Montoya à Agência Efe.

Até hoje, no entanto, o maior desafio para a indústria e para as autoridades é o cultivo ilegal e o mercado negro, consistente sobretudo em enviar maconha a estados onde a planta não é legal.

Segundo o Departamento de Segurança Pública do Colorado, os cultivos ilegais de maconha em terras fiscais cresceram 73% a partir de 2012, os casos de crime organizado para esses cultivos passaram de 31 há seis anos para 119 em 2017 e as operações de apreensão de maconha ilegal passaram de 286 há seis anos para 608 no ano passado.

Estatísticas da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) confirmam que desde a legalização foram expropriadas mais plantas e detectados mais cultivos ilícitos de maconha do que antes de 2014.

Um relatório publicado pela DEA neste mês indica que o mercado negro “ainda predomina” nos dez estados nos quais a maconha recreativa é legal: Alasca, Califórnia, Colorado, Maine, Massachusetts, Michigan, Nevada, Oregon, Vermont e Washington, além de Washington D. C.

Os defensores da legalização da maconha recreativa apontam para as ações realizadas por algumas cidades do Colorado com os impostos que são arrecadados com as vendas.

A cidade de Pueblo, por exemplo, usa parte do imposto proveniente da venda da maconha para outorgar bolsa de estudos universitária aos jovens latinos que lá residem.

Além disso, uma importante porção do arrecadado em impostos à maconha é destinada para equipar as forças policiais.

Por ser ilegal em nível federal, a indústria da maconha funciona sem acesso aos bancos tradicionais e com várias restrições à sua publicidade.

No entanto, essa situação pode mudar se prosperar um projeto de lei apresentado recentemente pelo senador republicano Cory Gardner para descriminalizar a venda de maconha naqueles estados que já autorizam ou que pretendem autorizar essas transações.

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#PraCegoVer: fotografia (capa) lateral e em plano americano de um homem vestindo camisa branca e bermuda de cor clara e manuseando algumas das plantas de um grande cultivo da maconha indoor; na lateral esquerda da foto vemos uma planta de cannabis no primeiro plano (fora de foco) seguida por uma fileira de outras tantas que passa atrás do homem que se encontra em um estreito corredor entre as plantas; na parte de cima pode-se ver um telhado de vidro transparente sobre uma estrutura de metal. Créditos da foto: AP.

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