Literatura Sativa: A tortura sobrenatural do casamento

Buquê de Cannabis sativa.

Eu curtia uma garota muito doida

que compartilhava sempre comigo

loucamente

seus beijos de amiga

e suas postagens de menina.

 

Com o passar do tempo,

ela passou a me beijar na boca

e em qualquer lugar do meu corpo

ou da minha cidade

e nem tinha vergonha de mim:

eu que era feio assim por fora,

não era feio de natureza,

era bom de perfil social.

 

E foi de tanto transar o futuro,

de tanto sair juntos,

de tanto conversar, e prosear,

foi que resolvemos nos casar.

 

Minha antiga garota doida

foi ficando autoritária

não aceitava mais a maconha

em nosso humilde lar.

 

Minha antiga garota doida

foi ficando obcecada por mim,

esquizofrênica e de ciúme doentio:

e a minha doce vida, ia aos poucos

se transformando em um louco vazio…

 

E quando eu falei em me divorciar,

ela ficou estranha, ameaçou se enforcar,

depois começou a me xingar e também disse

que eu não era maluco de pensar em pôr fim a tudo.

 

E, caso eu pensasse, ela jurou me matar.

Rolou tapa para todo lado,

tapa dela, é claro!

Eu sou um rapaz educado.

 

Mas, quando eu repeti, “nos separar”,

ela pegou uma faca e tentou me esfaquear.

Tomei a faca dela e resolvi me sequestrar da vida.

 

Fui ao Céu e São Pedro me disse,

(não era mais o bonachão)

que lá eu não podia ficar,

porque eu acabei de me eliminar.

 

Desci ao Inferno

e minha alma,

morta de cansaço

pediu guarida ao anjo da cannabis.

 

Mas quando eu olhei bem,

bem atrás do Capeta: minha mulher lá

com uma tocha ígnea na mão

e eu querendo acender um charutão.

 

E ela a querer me incinerar

só para se vingar

por causa de tudo que

eu não a fiz passar.

 

Eu disse assustado ao Capeta

que lá não havia de ficar,

o Purgatório está bugando

e dizendo que é pra eu ir indo…

 

e eu vou indo, vou indo

me travando sem a massa…

e eu vou indo, vou indo

pagar o sangue derramado

nessa onda espiritual

onde somos bugados.

 

E agora por fim eu digo:

só no purgatório me dei conta

do casamento tipo algo sobrenatural

e que o meu grande mal vivido

é o mal que me aponta a culpa

de parar de me medicar de maconha.

 

E agora eu te instigo:

Casa-te, mas fica de olho, minha amiga,

põe as barbas de molho, meu amigo,

pois sem a cannabis sativa não há vida

e sem vida, não vale a pena, Pessoa!

Waldemar Valença Pereira é professor, mestre profissional em letras e autor da obra literária Pé de Maconha – Che Cannabis nas andanças da ciência”, que aborda a erva em prosa e poesia. Entre em contato com o autor através do e-mail checannabis@hotmail.com ou através da redação pelo redacao@smokebuddies.com.br.

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