Literatura Sativa: Prefiro resistir a me curvar

A obediência vale mais do que o sacrifício
Mas, ainda assim, prefiro resistir a me curvar.
Toda ação gera uma reação para se contrariar.
No entanto, não há nada mais libertador
Do que um foda-se dito a plenos pulmões
Traduzindo livremente nossas frustrações.
Sejamos subversivos, mas visionários:
impor novos limites ao Estado e à Igreja é necessário.
Novas idéias e conceitos, eu sei, trarão rupturas
Mas já existiram grandes idéias sem uma veia de loucura?
Abra a tua cabeça, meu camarada,
E daí se alguns defumam idéias com um tipo certo de fumaça?
Nem toda alteração drástica da ordem gera o caos
Nesse caso tem mais a ver com liberdade individual
O usuário não carregaria o peso da violência nos ombros
Como se a moral coletiva desse país já não estivesse em escombros…
Espírito transgressor, Nilton Castro¹, a seu dispor.
Distribuindo versos e sopapos como um poeta boxeador
Ideais revolucionários, não adianta, não morrem
E ainda que os setores conservadores não concordem
Na moral? Pra fugir desse tédio?
O “veneno” a que me refiro para alguns é remédio.
E já prevendo de antemão no “Tribunal Digital do Santo Ofício”
Minha condenação injusta pelo crime de sacrilégio
Ao governo e às Igrejas, pela irresponsabilidade e interferência,
Pra mim, os principais responsáveis pelo atraso e violência
Respeitosamente e com todo o carinho a eles: o meu dedo médio.

Sobre o autor:

Nilton Castro não é um personagem fictício. Carioca, vascaíno, além de extremamente charmoso, é poeta, escritor, compositor, filósofo de botequim, faz parte do seleto time de pessoas que falam exatamente o que pensam e fuma maconha diariamente.

Fotografia de capa: Phill Whizzman / Smoke Buddies

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