Literatura Sativa: Poesia S ativa

A Literatura Sativa agora também é poesia. E para estrear a nova seção da coluna, a obra “Poesia S ativa” do professor Val Valença e da Miss Sativa vem com muita informação e brisa garantida. Boa leitura!

Sativamente

Já que o mundo insiste em nos apresentar tantas dificuldades medíocres, caretas de carteirinha, eu, MISS SATIVA, de fato resolvi compor “Poesia S ativa”, através do apoio intelectual da família Smoke Buddies. Espero que meus loucos poemas sejam da vossa preferência e que eles se transformem em colírios, para os que sofrem de amor; ou se tornem bombas nucleares, disfarçadas de fogos de artifício, para aqueles que possuem a sede de um ativismo cannábico e, por isso, lutam pela legalização da maconha no mundo à fora.

Leitura da mente

leitura-da-mente

Tome um livro,
leia-o e o plante em sua mente,
criticando-o, de modo conveniente,
ou então,
peça com fé
um “Pé de Maconha”,
pra você dividir com cidadania
ou exibir na sua estante, no jardim da poesia.
E depois intime nossos contemporâneos,
quase democráticos,
a fazer valer nosso direito de ver
aquele “Pé de maconha” no cardápio do brasileiro,
lido, compreendido e legalizado,
ou seja, livre e sem coisa,
seja no calor ou seja na frescura.
Tome um livro, leve-o consigo na mente.
Plante um “Pé de maconha”, espalhe as sementes
da ideologia cannábica, ou fique na tua só lendo,
e repare qual o sentido da vida sem leitura,
pois quando chegares às berlotas do conhecimento
resinoso, criativo e sativo,
faremos uma pausa e um bom proveito do THC
aqui derramando e derramado, tão nosso.
Depois, façamos vista a quem não o leu,
nem o plantou em pensamentos.
Então, qual fênix sob ervas sagradas,
adote um outro livro emprestado pra ler.
Só assim é que de um jeito, ou de outro,
namorando-me de boca, você saberá quem sou
e eu, uma louca robusta MISS SATIVA,
uma espécie feminina bem plantada
e catalogada de corpo inteiro,
dos pés às cabeças,
nas berlotas do conhecimento,
mais uma vez,
posso chegar à frente com senso crítico
e só assim, cowboy, você me lendo,
é que eu mergulho contente
na mitologia cannábica
entre a solidão de Zumbi dos Palmares
e a soberania de Nísia Floresta.

Back

(ao meu amor Che Cannabis)

back

Quem rouba um back,
perde o juízo,
voa bem alto,
vai ao paraíso
falar a Deus
que é só o início…
Quem rouba um back
desce telhado,
vai ao inferno,
mangar do Diabo,
fica sorrindo,
confessando o pecado…
Quem rouba um back,
devolve-o apertado
não pede desculpa
só diz “bom danado”.

 

Alegoria da caverna

(a Dave Coutinho)

alegoria-da-caverna

Passa tempo
não demora,
passa logo
uma hora,
que o meu santo
a Deus implora
um back e tanto,
e bem grandão.
Passa tempo
sem demora,
quero ver
quem não chora.
A velhice apavora
a nossa alma
que com a morte,
casca fora!

 

Poema de maconheir@

(a Joel Rodrigues)

Para nós, maconheir@s,
um baseado basta, ou um diálogo,
um público basta, ou uma piada,
mas só basta para esconder
nossas lágrimas emaconhadas…
Mas só basta para disfarçar
nossa dura e longa caminhada…
É que o papel da maconha medicinal
em uma alma cheia de alto astral,
sempre à tristeza disfarça preposicionadamente,
regando a luz da vida no back, na massa.
Como é duro ser maconheir@ no país das picaretagens
e o pior é ter de sofrer calad@, se quiser ser medicad@,
é complexo e não há liberdade jurídica que exista
sem a Marcha da Maconha, isso é fato, não insista!
Eu não vou ficar aqui dando uma de Maiakovski.
Queime uma poesia aqui com a gente
Aperte só uma poesia e deixe o cheiro de THC
na Praça Castro Alves, em pleno dia da verdade.
Até lá, até não legalizar,
Vamos vivendo de poesia andante,
vamos vivendo de pesquisas legítimas,
mas se formos pres@s no Brasil,
que salvemos, ao menos, uma poesia ou versos:
que é pra declamar como grito de guerra na Marcha!
Tipo assim:
“A cannabis deste instante
inunda meu mundo inteiro”.

 

Cânhamo do amor louco

(a Lucas Tavares e a THC Procê)

canhamo-do-amor-louco

Eu quero ser louc@
para amar alguém que me faz mal,
ao proibir o cânhamo macho ou fêmea, coisa e tal.
Não quero ser doid@ para odiar a quem me quer muito bem.
Prefiro ser louc@ com meu coração de menin@
e jeito assim moleque: cabelo de maloqueir@ e preto
de índi@ american@ perfumad@!
Prefiro as mil loucuras a ser doid@ que despeja
um funesto preconceito contra a cannabis,
poeticamente sativa dos seres viventes,
lançando-nos a maldição no peito com tanto jeito.
Prefiro ser louc@ a ser doid@ que despeja
toda sua ira bruta, sórdida e de argumentos indecorosos
contra milhões de pacientes da cannabis sativa,
ardentes no heroísmo épico de uma erva medicinal.
Quem é aquela personagem oculta na Marcha da Maconha,
olhando-me feito um Che Guevara? Deixa pra lá a pergunta,
essa pessoa me encara e me intima pra Marcha em silêncio,
aqui mesmo assim, sem mais, nem menos, eu confesso
que preciso partir e voltar pra passeata,
pra manifestação popular, pra caminhada:
é que a Marcha pega fogo, e a polícia é indelicada.
Resta um tempo pra dizer que no jogo de anagrama
com a palavra “cânhamo”, brota a palavra “maconha”,
feminina toda na minha boca, foneticamente dichavada…
E sobre a etimologia de “cânhamo”, só quem sabe explicar
direitinho mesmo é a vovó e o vovô, sabia, Doutora?
Loucos de amor entre si, seguem presos até hoje,
só por causa da maconha mesmo.

 

Baseado-poema

(ao advogado André Barros)

THC, oh querid@,
você sabia que
quando você vem,
em tamanha voltagem,
meu coração toma um choque?
Entra em curto?
Sim, e perde as resistências?
Ele estranha o que é novo
e aumenta sua capacidade de amar.
E, quando você chega ao cérebro,
deparo-me com um transformador
dos costumes alheios, acalmando-me
na sinapse de ser feliz em Copacabana.
A cannabis é meu verde com rosa-choque,
onde quer que eu esteja, ela é minha libertinagem,
meu lado manuel aberto que dá bandeira
pelas correntes sativas do meu cérebro resinoso…
Precisa explicar mais alguma coisa, senhoras e senhores?
Se precisar, deixo pra depois e que seja poeticamente,
afinal de contas, acenda um baseado-poema,
pois, eis aí um termo que não compensa escrever sobre:
sem preposição, é quase um aparelho,
um rádio-relógio, uma rádio-novela, um cigarro
cheio de palavras que queimam aqui, ali, acolá
e à favor da legalização das drogas vertiginosamente
baseado-poema aflora em prol da liberdade que vige em nós.
Por isso, reescrevo a poesia da vida com o poder da cannabis,
enquanto num feminismo exato e com princípio ativo
eu me declaro como a MISS SATIVA, a mulher-cabeça
e com todo respeito, me faço de remédio para o mundo!
Eu sou aquela de dar água na boca, recreativamente.
De longe, você logo sente quanta energia positiva presente.

 

MISS SATIVA

(a Nísia Floresta)

Espero o vento trazer
um esperado grande amor,
para eu não ficar sozinha, nego,
para eu não morrer de dor,
pois nem inverno faz mais frio
e nem verão dá mais calor
que o meu coração congelando
ou fritando com ardor…
E vou ser uma águia toda à vontade,
quando a maconha, no mundo, liberada for,
pois, quando o verde da cannabis queimar, Doutor,
eu, legalizada, postarei com a maior naturalidade:
– Maconheiras, uni-vos antes que seja tarde.

 

Saindo do normal

(a Cacique Zé Coice e a João Divino)

Você acorda e vai trabalhar,
volta ao meio dia pra rangar
depois usa a erva sagrada
pra se reanimar de fato:
um é de lei, o outro é sagrado
enquanto mais um outro
no pensamento há de ser levado.
Você volta à noite
pra me ver com a cara e a coragem
e pra comer e fumar da minha planta
e nunca rejeita uma cannabis:
diz que é pra desvirginar o dia,
libertar-se do mal olhado e do achismo.
Liberto do mundo, você me beija assim:
maconheiro andante, feito um Che Cannabis.
O mundo diz que somos viciados…
O mundo pouco antes quis nosso sangue…
O mundo de agora nos respeita de fato…
Você quer mesmo é o poder descansar,
mas infelizmente, nego, é osso:
amanhã você há de voltar pontualmente
para o progresso de poucas pessoas…
Você não anda mais ainda dentro do normal,
no limite, mas então, faça feito nós, nos imite,
que com leitura e quase sem lazer, doutora,
dentro da legalidade e com legitimidade,
vivemos a plantar e prever melhores coisas,
conservamos o futuro, por dias e dias,
ainda mais, quando no ativismo:
pensando, defendendo, escrevendo
e militando pela liberação da maconha, macho ou fêmea.
No fundo, há de ser assim, há de ser legal
por aqui, em breve, no Brasil, e coisa e tal,
ou seja, mais dia, menos dia, no jornal,
de tão medicinal, consumiremos legalmente
a erva sagrada, na porta de casa, plantada no quintal
de tão fenomenal.

Waldemar Valença Pereira é Professor, mestre profissional em letras e autor da obra literária  “Pé de Maconha – Che Cannabis nas andanças da ciência” que aborda a erva em prosa e poesia.
Entre em contato com o autor através do email checannabis@hotmail.com ou através da redação pelo contato@www.smokebuddies.com.br.

Ilustração: Cacique Zé Coice, João Divino e Danieluiz

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