Literatura Sativa: O Observatório de um Adolescente

 

A insanidade juvenil é realmente o que melhor descreve o parâmetro “8 ou 80”. Ou se escolhe ficar na toca, ainda mais nesse mundo líquido moderno como descreveria o Bauman, se mergulhando de conteúdos diversos entre filmes e jogos, pornografia e chats até a madrugada. No relance de ficar atualizando a timeline, nos deparamos com fotos cheia de festividade. Geralmente são aqueles amigos mais sociais que não deixam passar um final de semana em uma badalada festa para comprovar sua estima de classe média alta.

Naqueles últimos anos de colégio, é um turbilhão de emoções e sentimentos que ainda são novidade para saber digerir. A maconha é apresentada tanto para os festivos quanto para os caseiros. Em um caso pessoal, acredito que balanceei essas duas etapas, porém, com poder aquisitivo um pouco monótono e seco, as grandiosas baladinhas sempre eram trocadas por shows em praça pública, e churrascos comunitários.

Ambos os lados carregam consigo a necessidade de sair da realidade, aquela vasta sensação de que é necessário sair do estado comum, para que haja novas sensações e sentidos, pensamentos e questionamentos, atitudes que o corpo padrão sem substância externa alguma, não faria com certa facilidade.

O álcool, os sintéticos, o pó e a maconha estiveram sempre em todas as ocasiões, porém, nunca interligada diretamente uma a outra.  Havia a turma que encarava certas substâncias, como havia um que se restringia somente ao consumo líquido. Geralmente, em uma reação mais acelerada, incontrolável, indesejável, ou até mesmo um apagão com doses de refluxo, eram apagados um bom banho e sono profundo, quando não se interfere no serviço público e acaba precisando de glicose de um hospital.

Em toda essa observação, por mais oculto que esteja, é nítida a ideia de que o consumo das drogas é um mercado que necessita de uma demanda gigantesca, talvez uma das maiores indústrias que se funcionaria nesse mundo, porém, é catalogada baseando anseios e conceitos catequéticos, e conseguem extrapolar o bom-senso quando se permite ingerir algo que lhe causa acidente de trânsito, violência contra a mulher, entre outros fatos horríveis, mas não permite aquilo que lhe trará consciência da sua posição no mundo, necessidade de se conversar assuntos que não fere a dignidade de ambos que se posicionem para esse bate-papo, em sua ingestão em grande escala, o que nunca é recomendável, lhe causa sono sem escândalo.

O observatório vai ganhando lentes melhores, e enxergando cada vez mais trechos que pareciam difíceis de enxergar. Mas uma coisa já está nítida! O vício é de todos, seja substâncias que causam mudança física e psicológica, como no seu cafezinho depois de um rivotril logo pela manhã; aquela fluoxetina para amenizar traumas e te manter nos eixos, até mesmo sua boa e velha cachacinha depois do trabalho pra tirar aquele peso machista de “homem trabalhador” depois de um dia inteiro ocupado.

Escolher sua droga, sua fuga da realidade, sua substância diária para não sair da linha a vida indesejada ou desejada, é uma maravilha, não é?! Mas que diabos você tem que escolher o vício alheio? Não basta a hipocrisia que te acorda pronto todos os dias para ter discurso sem personalidade? Se livra dessa máscara meu caro, o mundo é nosso.

 

André Macêdo, 21 anos, estuda Letras em Americana e é um apaixonado pela vida interiorana, pelo Edgar Allan Poe, e pela potencialização física e psicológica que a ganja nos causa.

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