Literatura Sativa: Deixe maconheiros e maconheiras medicarem-se em paz

 

Pra mim, fico pensando, que, a partir de hoje, eu hei de valer o “Meu pé de maconha” e pronto, seja bem ou mal escrito e nem mais um Real. Será o livro tipo um crime por mim cometido. Enquanto houver livro, o mal sucesso me fechará as oportunidades na mídia. Será? Será assim?

Depois, eu dou a volta por cima e vou te conhecer, minha leitora, ou numa ONG LEITORES THC, que hei de fundar amanhã, ou nada!

A gente vai se dar bem como hoje, não tenha dúvida. Eu sou um chato invocado, tirado a legal… Palestrante ainda ficcional. Qual será o meu feedback? Tenho certeza! Eu vou saber que você me curtiu, a partir do teu riso, tua concentração e também de uma pessoa verde de fome, já me basta! Sono? Sim, pode ser, se tu quiseres dormir, assino embaixo, eu sou mesmo chato. Só Deus sabe tudo… Fumar ou ler, depende do quê? Sei lá e de você. Ontem, antes de conhecer de perto a cadeia, eu estava no cativeiro, tipo minha própria casa, lar familiar, e li um livro que dizia de Deus, aí eu pensei em um Deus pra mim, e morri de feliz por muitos anos de tanto ler filosofia pra ter com Deus. Deus era filho da mãe natureza, ufa!, que sorte a nossa! Eu penso na realização humana através da morte: eu virar um adubo cinzento onde Deus nos queima até a última ponta no nada que é tudo: mito.

Eu sou a maconha de Deus e a luz de sua mitologia. Serei fumado na hora da morte, em carne viva, e depois virarei um pó, a esmo, na aquisição do vento que faz bem aos pés nas andanças científicas de um Che Cannabis sativa espalhado pelo mundão de Deus… Agora que passou a depressão de morrer, esqueci do ontem e preciso, com isso, de irradiar-me de um Deus de novo grego, pra quando eu sair da cadeia e pra quando eu me publicar de corpo e alma. Deus sabe o que fará de mim. Uma hipótese válida é a de ir me levar no fim deste livro ao encontro de Jimi Hendrix e ver o que acontece com o Diabo, mordendo-se de raiva de eu ser etéreo.

Raiva mata. Prefiro o politeísmo dos ameríndios e dos africanos e ser de deusas e de deuses, numa encruzilhada sem cristianismos estranhos ao homem igual à mulher.

Na verdade, na verdade, eu amo o monoteísmo que vigora, ao final de cada batalha, em meu peito de guerrilheiro. Eu creio em Deus como uma grande força, acima do ser humano, que é hermafroditamente sem natureza, ou de natureza cósmica, capaz de galáxias, assexuado, cheio de luz e sombras, ora vezes de masculinos e femininos.

E Deus criou a maconha, eis a verdade toda.

A ignorância de algumas pessoas que querem destruir uma planta da natureza, deve ser combatida sempre: que mesquinhez! Sempre será assim: o capitalismo destruirá matas e florestas, escravizará povos de culturas ancestrais. Tornar-me-ei, depois deste livro, um hermafrodita crucificado, eu penso. Só que agora será em virtude da maconha que resinosa respiro e escrevo com ou sem vinho. Talvez me queimem em praça pública, durante uma palestra religiosa. Tenho medo é da intolerância religiosa da galera toda. Eu sou da ciência: se queimar Galileu, vem Galilei. Eu lembro que o padre solta uma fumaça para ungir o ar que os cristãos respiram e depois se droga com um gole de vinho. Eu sou Che Cannabis sem igreja e nem padre. Eu penso no padre e no maconheiro como dois momentos espirituais de uma mesma moeda. Penso mais: tenho certeza de que, além do padre, os maconheiros deveriam ser respeitados, por fazerem fumaça e, ungidos pelo Espírito Santo (do THC), chegarem a Deus ou Zeus. Viva Eros que veio antes de Eros.

Eu sou de Gaia, que esteve entre Urano e Abismo.

Consultar Bulas, que explica que a sigla THC significa Tetra hidro-cannabinol, e que existe na maconha, em harmonia com o CBD (Cannabidiol) uma outra substância medicinal para os seres humanos. Por que você, meu leitor, não faz isso: vide bula! Olhe: THC é uma substância psicoativa que pode servir de remédio para muita gente, o que não significa que a maconha melhore todo mundo. Se não servir para você, não seja egoísta: deixe maconheiros e maconheiras medicarem-se em paz.

— Deixe a nossa Marcha da Maconha em paz, Doutor. Não precisamos de você para vivermos numa boa, sabia? É que maconha faz bem e isso é comprovado cientificamente.

Só lamento… E eu continuo afirmando que a polícia não pode me prender. Eu, ontem no Woodstock, antes mesmo de nascer, e surreal que sou, me eduquei. Anos depois pela televisão, de braços cruzados, eu me crucifiquei nas drogas. Apenas a maconha e um amor a uma mulher que não entrará nesta história, uma guerreira de linda prole, ajeitou a memória do infinito, e minha inteligência tornar-se-á imortal. Sonho? Talvez. Na barriga da mamãe, eu chorei ao nascer. Eis o meu primeiro paradoxo: chorar pra respirar e viver! Foi uma saída cinematográfica, faltava o corte do umbilical. Eu dentro do mundo, estrelando sem sucesso numa maternidade lotada de pobres. Uma jogada de marketing: eu pari a mim mesmo sem o cordão umbilical, ou seja, imaginei-me escritor.

Eu não quero ser Che Cannabis por muito tempo… Enfada. Enfada mesmo… Estou fadado à ficção real… Onde plantarão a minha ideia? Na biblioteca de qual situação, em qual música mesmo meu coágulo de pensamentos assumirá a cor da luz?

Eu não sei.

Venho tentar responder isso com algumas canções que faço questão de compartilhar, porque me foi dada a permissão da Deusa Gaia. Plantar-me-ei, andando pelas andanças da ciência, maconheiro que sou!

Vejam só que coisa!

Waldemar Valença Pereira é Professor, mestre profissional em letras e autor da obra literária  “Pé de Maconha – Che Cannabis nas andanças da ciência” que aborda a erva em prosa e poesia. Entre em contato com o autor através do email checannabis@hotmail.com ou através da redação pelo contato@www.smokebuddies.com.br.

Ilustração: Cacique Zé Coice, João Divino e Danieluiz

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Sobre Smoke Buddies

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