Kelly Slater: cineasta ou ativista da maconha?

O interesse de Kelly Slater, 11 vezes campeão mundial, no debate sobre maconha é resultado da leitura de “Thai Stick: Surfers, Scammers, and the Untold Story of the Marijuana Trade”. A obra do historiador Peter Maguire e do traficante Mike Ritter relembrou os tempos de infância do maior surfista de todos os tempos. Leia mais no texto de Emanoel Araújo para Yahoo Esportes

Ao acordar, ele bebe um suco de limão, pois acredita que limpa as toxinas acumuladas no sono. Para o café da manhã, nada que tenha glúten ou gordura animal. Faz ioga, aulas de respiração e ginástica natural. Também é amante das artes marciais. Luta caratê desde o colégio, além de praticar jiu-jitsu e judô. Ele dispensa apresentações no esporte, mas no mundo dos negócios também é um craque: sua marca de surfwear vende apenas artigos sustentáveis. Como se isso tudo não bastasse, ele criou uma piscina de ondas que leva o seu nome.

Nem mesmo uma vida disciplinada e de sucesso permitiu que Kelly Slater não fosse estereotipado após este post no Instagram:

TRADUÇÃO: “Recentemente comprei os direitos para cinema e televisão do livro do meu velho amigo Peter Maguire. Nós começamos a trabalhar na produção do documentário e algumas pessoas ficaram interessadas em transformá-lo em uma série de televisão. Os historiadores e traficantes (Maguire e Ritter – respectivamente) demoraram 15 anos para terminar o livro, baseado em milhares de entrevistas. Eles documentaram tudo que você não sabe sobre o tráfico de maconha desde o final dos anos 60 até o início dos anos 80, mergulhando sobre cada aspecto do esquema, da esfera pessoal à política”

Segundo o 11 vezes campeão mundial, o interesse no debate sobre as drogas é resultado da leitura de “Thai Stick: Surfers, Scammers, and the Untold Story of the Marijuana Trade”.

#PraCegoVer: Imagem da capa do livro ganhou reconhecimento em seu valor a estudos sociológicos e antropológicos pela Universidade de Columbia (Reprodução)

A obra do historiador Peter Maguire e do traficante Mike Ritter relembrou os tempos de infância do maior surfista de todos os tempos. Entre as décadas de 60 e 80, o tráfico de maconha e o surfe eram elementos inseparáveis na ‘ponte aérea’ entre o mercado consumidor (Estados Unidos) e a matéria prima (Sudeste Asiático).

“Era uma criança na Flórida e não sabia nada sobre essas coisas. No entanto, ouvia muitas histórias sobre as conexões do surfe e do tráfico. Normalmente elas eram relacionadas a pessoas do meu convívio. Eu sempre fui intrigado com isso, pois achava que aqueles eram piratas reais. Muito do que sabia sobre o assunto foi mostrados nas páginas deste livro”

:: BANGKOK > CALIFÓRNIA

Maior e mais lucrativo mercado de maconha no mundo, com mais de 40 milhões de usuários, segundo órgão da ONU sobre drogas e crime, os Estados Unidos eram, nas décadas de 60 e 70, o maior importador também. Cerca de 70% do que era consumido vinha de fora do país.

Desde o início do século passado, a Tailândia era um local próspero para aventureiros devido a informalidade do país. Com o fim da guerra do Vietnã, ladrões sobreviventes dos conflitos criaram – através da capital Bangcoc – uma rota complexa de contrabando.

#PraCegoVer: Fotografia mostra os “Thai stick” (palitos tailandês) um método secular na produção de cigarros de maconha (Reprodução)

Surfistas entravam no enredo dessa trama pelo apelo da sua própria cultura. Viver o sonho de pegar onda pelo mundo tem um custo muito alto. Como o próprio Slater diz, naquela época era comum encontrar nas praias dos Estados Unidos um desses traficantes vindos de Bangcoc com uma prancha nova. Ser surfista americano era o melhor álibi para justificar visitas frequentes ao sudeste asiático.

O historiador Peter Maguire só soube dessa história ao conhecer o traficante de haxixe, Mike Ritter, em uma prisão no Camboja. Peter escrevia outro livro, mas se interessou pelo relato do ex-morador da “Cidade dos Anjos” (como também era conhecida Bangcoc). Foram mais de 1000 entrevistados, entre traficantes e policiais da CIA, DEA e Interpol.

Se o resultado não chegou em livros (ainda não há tradução da obra no Brasil), o roteiro desse filme você poderá assistir graças a Kelly Slater. Especula-se que a obra esteja em fase de finalização e há possibilidade de o documentário virar uma série de TV. Basicamente, o filme se realizou graças a um ‘careta’ que viu no seu passado uma forma de contribuir para um debate muito atual.

É neste debate que o surfe, os Jogos Olímpicos e a história, de um modo geral, estão envolvidos. Assim como Kelly Slater, o especial sobre Surfe e Maconha tem a intenção de levantar este debate de interesse público.

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#PraCegoVer: Fotografia (de capa) de décadas passada mostra a imagem de três pessoas sentadas no chão ao redor de várias pranchas de surf

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