Kaya na Gandaia arrasta multidão e fecha pós-Carnaval com chave de ouro
PATROCINADO PELA BEM BOLADO BRASIL, BLOCO KAYA NA GANDAIA TROUXE A SÃO PAULO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS AFRO-BRASILEIRAS E JAMAICANAS.
“Qual é a melhor hora do dia? É quatro-e-vinte. Então vamos celebrar quatro-e-vinte!”
Foi com esta deixa — entre a síncope da guitarra, o groove do contrabaixo, o repique do cavaco e o ritmo da bateria — que o bloco Kaya na Gandaia arrastou, no último sábado, 9, uma verdadeira multidão ao longo da Rua dos Pinheiros, encerrando com chave de ouro o escaldante pós-Carnaval paulistano.
Anualmente, o bloco — que nasceu em 2013 e é patrocinado pela Bem Bolado desde 2017 — traz às ruas da capital paulista toda a riqueza das manifestações culturais afro-brasileiras e jamaicanas, além de carregar a bandeira da legalização da ganja e do fim da guerra às drogas.
Estamos falando de uma verdadeira caldeirada de referências estéticas e musicais, que dá à luz um molho de sabor único e encorpado, temperado com muito amor, positividade e consciência. Afinal, Kaya na Gandaia é o samba-reggae, o afoxé, o samba-duro e o maculelê; é Bob Marley, Gilberto Gil, Olodum e Ilê Ayê.
Quer saber o que rolou? Vem com a gente.
ONDE ESTÁ WALACE?
Para celebrar a ocasião, a Bem Bolado Brasil concebeu e produziu uma seda inspirada no bloco. Esta belezinha foi distribuída aos sortudos que encontraram e fotografaram Walace em meio ao burburinho.
Mas, afinal: quem é — e onde estava — Walace?
Walace é um camarada e tanto. Tentou flanar discretamente entre a alegre multidão, mas seus trajes, mui característicos, o denunciaram — isto e o baseado gigante, que empunhava com orgulho.
O rumor de que Walace estava no rolê se espalhou feito fogo no celeiro e muita gente tocou a procurar o figura — alguns com sucesso, outros nem tanto. No fim das contas, a ação rendeu boas amizades a Walace e muitas sedas aos foliões, proporcionando motivos mais que suficientes para esfumaçar a avenida ao melhor estilo Bem Bolado.
FUMAÇA NA AVENIDA
A concentração do bloco ocorreu a partir das 14h30 no encontro entre as ruas dos Pinheiros e Fradique Coutinho, na zona oeste da capital paulista. Centenas de pessoas achegaram-se de todas as direções, muitas portando fantasias ou adereços inspirados no universo canábico.
“É a primeira vez que colo”, afirmou o folião Leonardo dos Santos, rosto sombreado sob um chapéu de palha de aba larga, expelindo um generoso jato de fumaça pelas ventas. “Melhor bloco, sem brincadeira. A energia, a música, tudo.” Diga lá, Leonardo: onde esta Walace? “Porra, não encontrei ainda. Tem muita gente aqui.” Continue tentando!
O trio elétrico encabeçava o cortejo, belamente adornado com pavilhões do bloco, dos patrocinadores — Bem Bolado entre eles —, esvoaçantes fitas tricolores (vermelhas, amarelas e verdes) e luzes pisca-pisca.
Em seu encalço, os carros alegóricos dos mascotes “Elefantástico” e “Marleyvilhoso”, este último enfeitado com viçosas samambaias e um psicodélico bong gigante, que, para a surpresa de muitos – inclusive deste que vos escreve — passou a expelir um respeitoso fumacê quando o relógio marcou 16h20.
O doce aroma envolveu a Rua dos Pinheiros e a banda, a bordo do trio elétrico, mandou o clássico “5446 Was My Number”, de Toots And The Maytals, cantada em uníssono pela multidão. A partir daí, outros clássicos de outros tempos — como “Three Little Birds”, de Bob Marley —, contemporâneos e músicas autorais deram a tônica da festa, que prosseguiu rua acima.
A coisa toda tomou ares de espetáculo. Em harmonia com a banda, a bateria Destemidas do Forte puxou o cortejo com energia incomparável, enquanto artistas montados em pernas de pau empunhavam e agitavam estandartes Bem Bolado acima da multidão.
Some isso ao trio elétrico, os carros alegóricos, um mundo de um sentimento geral de puro êxtase, e talvez consiga pintar um quadro mental do que foi o bloco neste ano de 2019.
Por fim, na altura da rua Mateus Grou, algo até então inédito em sete anos de Kaya na Gandaia aconteceu: uma chuva de proporções diluvianas caiu e literalmente lavou a avenida. Diria que lavou, também, a alma de todos que estavam lá, pois a festa continuou de uma forma ou de outra — o espírito, definitivamente, não se perdeu. Afinal, pós-Carnaval também é Carnaval.
Fotos: Guilherme Castoldi (capa e 1, 2, 4, 5 e 6, de cima para baixo)/André Tashiro (3 e 7)
#PraCegoVer: Fotografia (de capa) do ponto de vista superior mostra uma multidão de pessoas que vestem majoritariamente as cores amarela, verde e vermelha, duranta o bloco Kaya na Gandaia. Crédito Guilherme Castoldi
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