Kaya na Gandaia arrasta multidão e fecha pós-Carnaval com chave de ouro

fotografia do ponto de vista superior mostra uma multidão de pessoas que vestem majoritariamente as cores amarela, verde e vermelha, duranta o bloco Kaya na Gandaia. Crédito Guilherme Castoldi

PATROCINADO PELA BEM BOLADO BRASIL, BLOCO KAYA NA GANDAIA TROUXE A SÃO PAULO AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS AFRO-BRASILEIRAS E JAMAICANAS.

“Qual é a melhor hora do dia? É quatro-e-vinte. Então vamos celebrar quatro-e-vinte!”

Foi com esta deixa — entre a síncope da guitarra, o groove do contrabaixo, o repique do cavaco e o ritmo da bateria — que o bloco Kaya na Gandaia arrastou, no último sábado, 9, uma verdadeira multidão ao longo da Rua dos Pinheiros, encerrando com chave de ouro o escaldante pós-Carnaval paulistano.

Anualmente, o bloco — que nasceu em 2013 e é patrocinado pela Bem Bolado desde 2017 — traz às ruas da capital paulista toda a riqueza das manifestações culturais afro-brasileiras e jamaicanas, além de carregar a bandeira da legalização da ganja e do fim da guerra às drogas.

Estamos falando de uma verdadeira caldeirada de referências estéticas e musicais, que dá à luz um molho de sabor único e encorpado, temperado com muito amor, positividade e consciência. Afinal, Kaya na Gandaia é o samba-reggae, o afoxé, o samba-duro e o maculelê; é Bob Marley, Gilberto Gil, Olodum e Ilê Ayê.

Quer saber o que rolou? Vem com a gente.

#PraCegoVer: fotografia em vista superior de uma multidão de pessoas que vestem a cor vermelha em sua maioria, durante desfile do bloco Kaya na Gandaia.

ONDE ESTÁ WALACE?

Para celebrar a ocasião, a Bem Bolado Brasil concebeu e produziu uma seda inspirada no bloco. Esta belezinha foi distribuída aos sortudos que encontraram e fotografaram Walace em meio ao burburinho.

Mas, afinal: quem é — e onde estava — Walace?

Walace é um camarada e tanto. Tentou flanar discretamente entre a alegre multidão, mas seus trajes, mui característicos, o denunciaram — isto e o baseado gigante, que empunhava com orgulho.

#PraCegoVer: Fotografia do ponto de vista inferior para superior mostra uma pessoa segurando um baseado gigante e fantasiada de ‘Walace’, uma sátira ao personagem das tirinhas ‘onde está o wally?’

O rumor de que Walace estava no rolê se espalhou feito fogo no celeiro e muita gente tocou a procurar o figura — alguns com sucesso, outros nem tanto. No fim das contas, a ação rendeu boas amizades a Walace e muitas sedas aos foliões, proporcionando motivos mais que suficientes para esfumaçar a avenida ao melhor estilo Bem Bolado.

#PraCegoVer: Fotografia mostra uma mulher, vestindo roupa preta, ósculos escuro e bolsa cruzando o corpo, sorrindo enquanto segura a seda personalizada pela Bem Bolado para o bloco Kaya na Gandaia.

FUMAÇA NA AVENIDA

A concentração do bloco ocorreu a partir das 14h30 no encontro entre as ruas dos Pinheiros e Fradique Coutinho, na zona oeste da capital paulista. Centenas de pessoas achegaram-se de todas as direções, muitas portando fantasias ou adereços inspirados no universo canábico.

“É a primeira vez que colo”, afirmou o folião Leonardo dos Santos, rosto sombreado sob um chapéu de palha de aba larga, expelindo um generoso jato de fumaça pelas ventas. “Melhor bloco, sem brincadeira. A energia, a música, tudo.” Diga lá, Leonardo: onde esta Walace? “Porra, não encontrei ainda. Tem muita gente aqui.” Continue tentando!

O trio elétrico encabeçava o cortejo, belamente adornado com pavilhões do bloco, dos patrocinadores — Bem Bolado entre eles —, esvoaçantes fitas tricolores (vermelhas, amarelas e verdes) e luzes pisca-pisca.

#PraCegoVer: Fotografia de baixo para cima mostra o estandarte do bloco Kaya. Nele vemos (de baixo para cima) faixa com figuras geométricas nas cores verde e vermelha, onde em algumas delas vemos traços de folha de maconha na cor preta, ao centro vemos um Elefante -um dos mascotes e no topo o nome Bloco Kaya na Gandaia. Mais acima vemos céu azul, raios solares e nuvens brancas.

Em seu encalço, os carros alegóricos dos mascotes “Elefantástico” e “Marleyvilhoso”, este último enfeitado com viçosas samambaias e um psicodélico bong gigante, que, para a surpresa de muitos – inclusive deste que vos escreve — passou a expelir um respeitoso fumacê quando o relógio marcou 16h20.

#PraCegoVer: fotografoa de baixo para cima mostra inúmeras samanbaias na base de um gigantesco bong nas cores verde e amarelo com a logo da Squadafum no topo. Ao fundo vemos pessoas, prédios, fiações da iluminação e sinalização públicas. Mais acima céu azul com nuvens brancas e cinzas

O doce aroma envolveu a Rua dos Pinheiros e a banda, a bordo do trio elétrico, mandou o clássico “5446 Was My Number”, de Toots And The Maytals, cantada em uníssono pela multidão. A partir daí, outros clássicos de outros tempos — como “Three Little Birds”, de Bob Marley —, contemporâneos e músicas autorais deram a tônica da festa, que prosseguiu rua acima.

#PraCegoVer: Fotografia de dentro do trio elétrico, mostra os integrantes do bloco Kaya na Ganadaia tocando estrumentos musicais e cantando. Na parte externa vemos parte do público que acompanhou cortejo.

A coisa toda tomou ares de espetáculo. Em harmonia com a banda, a bateria Destemidas do Forte puxou o cortejo com energia incomparável, enquanto artistas montados em pernas de pau empunhavam e agitavam estandartes Bem Bolado acima da multidão.

#PraCegoVer: Fotografia, de baixo para cima, mostra um homem, vestindo camiseta amarela com a logo da BB, em cima de uma perna de pau agitando uma bandeira nas cores verde, amarelo e vermelho e no centro a logo da Bem bolado. Ao fundo vemos céu cinza, prédios, pessoas e parte do mascote do Kaya.

Some isso ao trio elétrico, os carros alegóricos, um mundo de um sentimento geral de puro êxtase, e talvez consiga pintar um quadro mental do que foi o bloco neste ano de 2019.

Por fim, na altura da rua Mateus Grou, algo até então inédito em sete anos de Kaya na Gandaia aconteceu: uma chuva de proporções diluvianas caiu e literalmente lavou a avenida. Diria que lavou, também, a alma de todos que estavam lá, pois a festa continuou de uma forma ou de outra — o espírito, definitivamente, não se perdeu. Afinal, pós-Carnaval também é Carnaval.

Fotos: Guilherme Castoldi (capa e 1, 2, 4, 5 e 6, de cima para baixo)/André Tashiro (3 e 7)

#PraCegoVer: Fotografia (de capa) do ponto de vista superior mostra uma multidão de pessoas que vestem majoritariamente as cores amarela, verde e vermelha, duranta o bloco Kaya na Gandaia. Crédito Guilherme Castoldi

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