Governo dos EUA não é muito bom cultivando maconha, criticam especialistas
Cientistas determinaram que a maconha vendida no setor privado norte-americano é muito superior ao estoque do Tio Sam. As informações são da Bloomberg, com tradução Smoke Buddies.
Se você está procurando a melhor erva, recorra aos fornecedores privados, não aos federais. Uma nova pesquisa concluiu que a cannabis produzida pelo governo dos EUA oferece menos variações e uma concentração mais baixa de canabinoides do que a maconha vendida por estabelecimentos situados em estados onde a erva é legalizada.
O estudo foi publicado no periódico científico Nature, na quarta-feira, véspera do feriado não oficial da maconha nos EUA, 20 de abril. A data da publicação foi pura coincidência, de acordo com a principal pesquisadora, Daniela Vergara. Os pesquisadores da Universidade do Colorado Boulder e da Steep Hill Labs, um laboratório de teste de cannabis com sede na Califórnia, analisaram quase 3.000 amostras.
A cannabis produzida pelo Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos EUA (Nida, na sigla em inglês) – que é utilizada em experimentos de laboratório – foi comparada com a cannabis cultivada por empresas privadas e vendida em dispensários para o consumo legalizado pelos estados. De acordo com o estudo, a erva cultivada pelo governo tinha apenas 27 por cento do nível de THC encontrado na erva do setor privado.
A maconha legal do estado pode ser mais potente em parte porque é conservada de uma maneira que ajuda a evitar a degradação do THC. “Acreditamos que exista um problema de armazenamento, seja porque eles não a armazenam corretamente ou porque esperam muito tempo para testá-la”, disse Vergara em uma entrevista por telefone.
A maconha federal já foi criticada anteriormente por pesquisadores e por críticos profissionais por não ter nem aspecto nem cheiro de cannabis. Questionado sobre as descobertas, o Nida reconheceu que uma fazenda não pode produzir todas as cepas de cannabis disponíveis no mercado privado. “É por isso que o Nida apoia a recente decisão da DEA de aumentar o número de fazendas aptas a cultivar maconha para uso em pesquisas”, disse o Dr. Jack Stein, diretor do escritório de Políticas e Comunicações Científicas do Nida.
“Os dados demonstram que as plantas de cannabis atualmente cultivadas para o Nida não são representativas das plantas consumidas pelos usuários com fins recreativos e medicinais por meio dos mercados legalizados pelos estados no país”, afirmou o estudo. “A flor de cannabis disponível nos dispensários parece ser mais potente e diversificada em conteúdo de canabinoide.”
Os autores do estudo afirmam que os cientistas dos EUA deveriam ter acesso a uma maconha com uma composição mais parecida com a da maconha que é vendida nos dispensários legalizados do país. “Essa discrepância entre o que a população usa e o que está disponível para os pesquisadores limita a pesquisa científica sobre os possíveis efeitos nocivos e os benefícios”, escreveram os autores.
Vergara acredita que autorizar os pesquisadores a obterem cannabis com a legalização estadual poderia ajudar a amenizar alguns dos problemas enfrentados pelos cientistas, porque pode ser difícil obter amostras do Nida, disse ela. “Se eles reprogramassem isso, seria muito fácil para nós trabalhar com a cannabis que a população usa.”
Comparada com a cannabis ilegal, a erva do governo tem menos THC, mas ambas as variedades são inferiores à maconha com legalização estadual. Para ficar alegre e bem chapado (e para cumprir a lei), o ideal é obter a erva em um dispensário.
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