Frente Parlamentar busca regulamentação da maconha para uso medicinal no Rio de Janeiro

No Brasil, a legalização da maconha medicinal anda a passos lentos, contudo as vidas de muitos pacientes não podem esperar. No Rio de Janeiro, a Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica busca soluções para o desenvolvimento de pesquisas e a produção da cannabis para ampliar o acesso ao tratamento. As informações são da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A audiência pública da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) debateu a importância do canabidiol (substância encontrada na planta Cannabis) para o tratamento de diversas questões como o autismo e a epilepsia. O encontro ocorreu na tarde da última sexta-feira (08/06), no Auditório Senador Nelson Carneiro, localizado no prédio anexo ao Palácio Tiradentes, Centro do Rio.

Em parceria com o Instituto Vital Brazil (IVB), a frente parlamentar, presidida pelo deputado Flávio Serafini (PSol), anunciou que buscará expandir as pesquisas e a produção da maconha medicinal para cumprir a demanda de pacientes que necessitam de seu uso no tratamento de saúde. Atualmente, as decisões judiciais permitem, além do cultivo, a compra do produto para essas pessoas. No entanto, o tratamento não é acessível a todos. O medicamento que dura seis meses custa cerca de 170 dólares. E ainda assim, apenas 4.617 pessoas têm autorização legal da Anvisa para importá-lo.

Segundo o presidente da frente parlamentar, é fundamental trabalhar com o instituto para que esse problema seja resolvido o mais rapidamente possível. “Nós já sabemos de uma série de casos que tiveram efeitos muito positivos com o uso desta substância. Não faz sentido, por puro preconceito, continuar restringindo o seu uso”, ressaltou Serafini.

De acordo com o chefe de pesquisa do IVB, Dennys Zsolt, a parceria entre a instituição e o Parlamento poderia delimitar protocolos de segurança para o cultivo pelo instituto destas plantas que são usadas com fins medicinais. “Como o Vital Brazil é do Governo do Rio, é mais viável fazer a regulamentação pela agência sanitária estadual do que pela federal. Assim, com esse caminho mais curto, mais pacientes seriam beneficiados”, afirma.

Há três anos, Mateus Moraes, 8 anos, foi diagnosticado com autismo de alto nível, que o impedia de falar, comer sozinho e estudar. Mas desde que iniciou o tratamento com o canabidiol, sua qualidade de vida melhorou. Hoje, ele lê, come sozinho e brinca com os colegas. Na escola, suas notas melhoraram significativamente. Sua irmã Rebeca, 3 anos, também é autista e desde pequena recebe os benefícios do medicamento. Quando a menina foi diagnosticada, sua mãe, Bruna Fernanda, já possuía um habeas corpus que permitia o cultivo, o que facilitou o tratamento da criança.

Para Fernanda, presidente da Associação Humanitária Canábica (AHC), legalizar a cannabis representa o fim da exclusão. “Meus filhos passaram a ter uma vida melhor depois do uso do medicamento. Não precisaram de tarja preta, que é um tipo de medicação extremamente nociva ao organismo. Eu nunca aceitei que eles tomassem isso: quero um medicamento que seja de excelência”, assegurou.

O deputado Carlos Minc (PSB) também esteve presente ao evento e defendeu o uso terapêutico da cannabis. “O cultivo desta planta no Brasil está avançando muito lentamente, mas os ganhos para a qualidade de vida dos pacientes são significativos”, declarou.

Leia também: Como o uso de maconha medicinal tem crescido no Brasil

#PraCegoVer: fotografia de capa da mesa de participantes da audiência pública realizada pela Frente Parlamentar na Alerj.

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