França marcha pela legalização da maconha em 2º turno das eleições

Fotografia em primeiro plano de um manifestante que, usando máscara ninja preta, segura um cartaz branco com desenhos da folha da maconha e o texto em verde “Yes Oui Cannabis!”. Foto: Kenzo Tribouillard | AFP.

Por “outra política de drogas”, Marcha da Maconha leva milhares às ruas da capital. Ativistas esperam que o próximo chefe de estado assuma o assunto, como fez o primeiro ministro canadense Justin Trudeau.

Segundo a publicação do tabloide francês Le Figaro, ao som de rap e reggae a marcha da maconha composta por muitos ativistas, jovens, mas também com pacientes que usam a cannabis para fins terapêuticos, deixou a Praça da Bastilha rumo a Praça da República, com a bandeira: “Marcha Mundial da Cannabis pela Descriminalização do auto-cultivo de maconha para fins terapêuticos. Outra Política de drogas é possível”. 

A marcha da maconha deste sábado (29) ocorreu durante o segundo turno das eleições presidenciais na França, na esperança que o próximo Presidente assuma o assunto. Para a segunda votação, no dia 7 de maio, as pesquisas apontam uma vantagem de mais de 20 pontos percentuais a favor de Macron.

“Marine Le Pen quer reforçar a repressão. Macron, que rima com a legalização, quer o fim da repressão, mais diálogo… Espero que faça como Justin Trudeau no Canadá” – Farid Ghéhiouèche, fundador da Cannabis sans Frontières 

“Em 2012, tivemos grandes esperanças em François Hollande, pelo menos, ele abriu o debate a toda Europa, mas faltou coragem, ele traiu seu eleitorado”, disse à AFP Farid Ghéhiouèche, um dos organizadores da marcha e fundador do movimento Cannabis sem Fronteiras. Poucos dias antes do segundo turno das eleições presidenciais, o ativista comparou o candidato da Frente Nacional e seu rival: “Marine Le Pen,  quer reforçar a repressão, Emmanuel Macron, que rima com a legalização, quer o fim da repressão, mais diálogo… Espero que ele faça como Justin Trudeau no Canadá”.

Recentemente o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau apresentou um projeto de lei que legaliza a maconha, permitindo posse pessoal em até 30 gramas e permissão para cultivo de até quatro plantas por família. Se medida for aprovada, Canadá se tornará em  2018  o segundo país do mundo a permitir o uso recreativo da erva. Os canadenses já fazem uso de cannabis para fins medicinais desde 2001.

Leia mais: Canadá apresenta projeto para legalizar maconha

O programa de Emmanuel Macron planeja a descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal ou seja quem for pego portando pouca quantidade de cannabis não será preso. “Se Macron descriminalizar, já será um bom esforço, mas se quer que isso seja eficaz, deve avançar com a legalização”, disse Farid.

Segundo o Le Mond, ambientalista e senadora Esther Benbassa presente na marcha da maconha argumentou que “a legislação atual não é eficaz”. Em  2014, ela entrou com um projeto de lei para autorizar o uso e venda de maconha, sendo rejeitado pelos parlamentares. “Cannabis não deve permanecer um tabu”.  

Maconha é proibida na França desde 1970, com pena máxima e um ano de prisão e multa de € 3.750 euros. Na prática, se a detenção é por uso o que prevalece é a multa. Em 2014, 17 milhões de pessoas relataram terem experimentado maconha e 700 mil pessoas consome diariamente cannabis e seus derivados, segundo o Observatório Francês de Drogas e Toxicodependência.

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Sobre Dave Coutinho

Carioca, Maconheiro, Ativista na Luta pela Legalização da Maconha e outras causas. CEO "faz-tudo" e Co-fundador da Smoke Buddies, um projeto que começou em 2011 e para o qual, desde então, tenho me dedicado exclusivamente.
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