Exposição explana usuários e suas opiniões pela legalização da maconha
Com o objetivo de normalizar a discussão entre todas as classes da sociedade, apresentação que ocorreu no dia 20 de abril, Dia Internacional da Maconha, trouxe à vista de todos opiniões de usuários e não usuários, mexendo com o consciente social.
A série fotográfica “Baseado No Cotidiano“, do fotógrafo Phill Whizzman (29), saiu das telinhas, da câmera e do Instagram para invadir o centro do Rio de Janeiro, no último dia 20 de abril, no Dia Internacional da Maconha.
Exposição / Explanação, como está sendo chamada a apresentação pública da série Baseado No Cotidiano, mexeu com o consciente de muita gente. Com uma variedade de histórias e opiniões, o evento revelou ao público que passava pela Cinelândia, no Centro do Rio, um grupo diversificado de pessoas, idades, sexo, ideologias, profissões, mostrando principalmente que ao normalizar o assunto, percebe-se que a pessoa consumidora de maconha não é criminosa e que já passamos da hora de regulamentar a produção, consumo e venda de cannabis.
“Se o uso da maconha fosse legalizado como é a cerveja e o cigarro, certamente não haveriam mortes nas comunidades, como ocorrem atualmente”, conta Eliana, de 55 anos, administradora de empresas, que parou para fotografar a exposição, e complementa: “legalizando ou não o consumo continuará existindo, então é melhor regulamentar, gerar empregos e impostos”.
Conheça mais – Baseado no Cotidiano: maconha e ativismo em série fotográfica
Na Guerra às drogas, as principais vítimas fatais nem sempre são os consumidores brancos e moradores de áreas nobres, mas sim os policiais e os usuários pobres e negros, principalmente os moradores de periferias e favelas que viram escudos humanos neste combate racista e seletor. Até quem não é usuário pode acabar morto ou criminalizado.
“Na favela estamos cansados de acordar no meio da noite e nos esconder pela nossa vida”, conta Cristina, 33 anos, moradora do Complexo do Alemão, cenário constante de confrontos entre traficantes e policiais, vitimando inúmeras pessoas.
Se em uma exposição pública sobre maconha, que durou sete horas, em pleno centro do Rio, vimos 100% das opiniões serem favoráveis à regulamentação e descriminalização do usuário, tornando a cannabis (uma das substâncias ilícitas mais consumidas no país) tão normal quanto o álcool e tabaco. Diferentemente da erva, essas substâncias são nocivas e mesmo assim legalizadas, então por que a demora na legislação brasileira? A quem realmente interessa a proibição?
Entre as inúmeras pessoas que passavam apressadas na Cinelândia, escutávamos vários apoios para legalizar, risos e muitos comentários positivos, além de inúmeras selfies e fotos feitas por quem abdicava a correria para admirar o varal fotográfico com os clicks feitos por Phill Whizzman.
“Isso aqui é melhor que diazepan” – segundo Phill, um dos comentários mais engraçados, feito por uma mulher.
Para Phill, a tensão era grande sem saber qual seria a aceitação popular do trabalho, “foi interessante mostrar que o uso, apoio à regulação e uma nova visão sobre a cannabis existe no Brasil e é bem aceita”, comenta Whizzman e complementa que “até os agentes da operação centro presente deram bom dia e contemplaram a exposição”.
Entre os presentes, a mostra pública do Baseado no Cotidiano contou com a presença de vários militantes da causa, deixando um gostinho de quero mais. Em breve a exposição explanação percorrerá alguns bairros do Rio de Janeiro e, quem sabe, algumas cidades do país, detonando os estereótipos da imagem do “maconheiro doidão”.
Mais Baseado!
Para quem perdeu a exposição explanação do Baseado no Cotidiano, corre que amostra estará exposta na Ganjah Coffeeshop, na Lapa, hoje (29), a partir das 16:20 e amanhã no evento Domingos Cannabicos e lançamento da Revista Maconha Brasil até o dia 06 de maio, dia da Marcha da Maconha. A Ganjah fica na Rua do Rezende, 76 – Lapa, centro do Rio.
Confira abaixo a cobertura do evento feito pela nossa colunista Nah Brisa (em breve) e mais algumas fotos realizadas no dia 20 de abril.
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