Ex-trader aposta em demanda por maconha medicinal no Brasil

Fotografia de dois buds de maconha presos a presilhas tipo jacaré, sendo que um está atrás da lente de uma lupa, com um fundo desfocado em cores escuras. Google.

O presidente da californiana Medical Marijuana prevê que as vendas da unidade brasileira vão mais do que dobrar em 2019. As informações são da Bloomberg, via UOL.

Um ex-trader americano convertido em defensor da maconha medicinal aposta que o mercado no Brasil, que apenas permite o uso de produtos à base de canabidiol (CBD) importados, vai se aquecer este ano.

Stuart Titus, presidente da Medical Marijuana, com sede na Califórnia, projeta que as vendas da unidade brasileira vão mais do que dobrar em 2019.

“O Brasil é uma grande oportunidade”, disse em entrevista em São Paulo. “Definitivamente, vamos continuar a investir.”

A Medical Marijuana, que deve divulgar seu balanço esta semana, projeta receita total entre US$ 65 milhões e U$ 68 milhões em 2018, acima dos US$ 26,5 milhões do ano anterior, segundo dados da empresa. Titus, que saiu do Credit Suisse First Boston em 1990, não quis divulgar a parcela do Brasil nas vendas totais.

O CBD, que não tem efeito alucinógeno, tem se beneficiado da redução dos controles em todo o mundo. Empresas têm promovido o CBD como um produto natural para tratar desde o estresse até inflamações. O popular extrato de canabidiol, encontrado tanto no cânhamo quanto na maconha, ganhou um forte impulso desde que seu uso foi descriminalizado nos EUA no final do ano passado e começa a chamar atenção em outros mercados, como o Brasil.

A Anvisa permite a importação de produtos à base de CBD para uso terapêutico, sob prescrição médica, desde 2014. A Medical Marijuana compra as plantas de maconha que usa como matéria-prima na Europa e exporta para os EUA, onde ocorre o processamento para CBD. A subsidiária no Brasil vende produtos para o tratamento da epilepsia refratária. A Associação Brasileira de Epilepsia estima que 1,2 milhão de pessoas sofram do tipo refratário da doença, com convulsões que não podem ser controladas com medicamentos antiepilépticos.

O uso recreativo da maconha ainda é crime no Brasil, e o presidente Jair Bolsonaro se opõe a flexibilizar o consumo por adultos. Ainda assim, Bolsonaro disse que não seria contra um projeto de lei que tramita no Congresso e que pode permitir o plantio e produção local de cannabis medicinal. No Uruguai, a maconha foi legalizada há quase seis anos.

Titus, de 62 anos, começou a investir em maconha medicinal em 2009, quando a empresa abriu capital. Na época, a Medical Marijuana usava cartões de débito pré-pagos para administrar pagamentos de impostos e postos de distribuição de maconha nos estados dos EUA que haviam legalizado o uso da cannabis para fins medicinais.

Titus ajudou a empresa a levantar capital inicial e, em 2015, mudou-se para San Diego para assumir o cargo de presidente e supervisionar a transição do modelo de negócios da empresa, que se voltou para o comércio do CBD.

A Medical Marijuana tem operações no México e, atualmente, exporta produtos para o Paraguai. A empresa também está montando um escritório na Argentina e mira oportunidades na Ásia, disse Titus. Além do uso para o tratamento de convulsões, Titus diz que o CBD também pode ser consumido como suplemento nutricional diário.

“Certamente, há muito mais coisas que adoraríamos fazer”, disse.

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#PraCegoVer: fotografia (de capa) em plano fechado de duas flores de maconha, em tons de verde, e as pontas das pinças tipo jacaré que a seguram, sendo que uma das flores está sendo ampliada por uma lupa; e um fundo desfocado.

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