“Eu odeio maconha”

É com essa frase um tanto quanto polêmica que vou começar a coluna de hoje. Estive brisando numa parada específica nos últimos dias: maconheiro tende a achar que todo mundo TEM que curtir a erva. Não aceitam opiniões contrárias e partem pra argumentos rasos como ‘uma erva natural não pode te prejudicar’ quando caem em um debate.

Pensando nisso fui colher depoimentos de quem afirma: ‘Eu odeio maconha’.

Na minha visão é preciso, antes de tudo, respeito. Assim poderemos inserir cada vez mais o assunto ‘maconha’ na sociedade. Estamos flexibilizando diversos processos relacionados ao green, mas ainda há as pessoas que simplesmente não gostam e merecem todo o respeito.

O ponto das minhas perguntas nessa ‘entrevista’ não era aversão ao maconheiro e, sim, sobre a maconha. Afinal se tem gente que não gosta até de chocolate, imagina o quanto de gente ta nem aí – ou até odeia – pro mato do Bob.

Recolhi depoimentos muito interessantes:

“É aquela coisa do tipo: sou maconheiro, sou hype, tenho que ouvir reggae…
Quer fumar? Fume, mas me deixe na minha. Não me obrigue a curtir todo “life-style” que isso carrega.”

“Odeio qualquer droga que altere a consciência de qualquer forma, tô fora e sou contra.”

“Nem sei se posso te ajudar, pois não entendo nada. Pode até ser ignorância da minha parte, mas não tenho argumentos, apenas não suporto a ideia das pessoas fazerem mal a elas mesmas.”

Não sei se todos concordam que são pontos interessantes, mas vou explicar porque, pra mim, eles são:

– Hoje vemos que existe maconheiro de todos os tipos, estilos e perfis, mas o estereótipo da maconha já deu no saco, já virou clichê. Ninguém precisa louvar a Jah, nem ser fã no clube do Bob Marley, ninguém mais precisa usar pulseirinha da Jamaica para transmitir uma ideia. Concordo com o depoimento do cara: é agressivo querermos impor uma cultura específica ao não-maconheiro. Puta besteira. A liberdade de escolha precisa pautar tudo ao nosso redor.

– Nem todos enxergam a alteração da consciência como algo bom ou relevante. Há pessoas de perfis mais práticos e menos lúdicos, essas, talvez, odeiem a alteração de consciência porque sentem-se extremamente confortáveis em suas peles. Não sentem que precisam de alguma substância para uma ‘trip’. Aliás, não precisam de trips. Até quando nós maconheiros vamos ficar achando que geral tem que fazer a mente?

– O terceiro depoimento foi algo que pegou numa veia mais sensível: os malefícios. Como nós, buddies, gostamos de enfatizar, maconha não faz mal e blábláblá. Mentira. Existe um determinado ponto que prejudica a articulação de pensamentos lógicos e exatos. Também existe o problema do uso quando ainda jovem, sem a formação total do cérebro. Claro, poderíamos contra-argumentar o depoimento dessa pessoa com mil outros benefícios que a maconha tem, mas PRA QUÊ? Se não há um caso médico envolvido, com qual objetivo gostaríamos de provar a ela que a maconha tem um monte de benefício também? Essa é a linha entre o debate sadio e o maconheiro mala, que não para de argumentar sobre maconha medicinal, sobre endocannabinóides e etc, etc, etc.

Respeito pelas escolhas alheias envolve saber parar, mudar o assunto. A maconha não é a salvadora dos problemas da humanidade. É uma substância boa pra caralho, tem seu lado bom, seu lado ruim, as pessoas que amam e as pessoas que odeiam.

Maconha também é respeito. Vamos transmiti-lo até com quem prefere ficar longe do bem bolado que esfumaça as vielas da vida.

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