É LIVRE A MACONHA

Na última semana, um dos posts feitos pelo advogado e ativista, André Barros, aqui no Smoke Buddies foi barrado pelo Facebook na tentativa de aumentar seu alcance para mais e mais pessoas. Porém, a lei não nos garante liberdade de manifestação do pensamento? Não nos garante liberdade de expressão? Entenda mais sobre o caso em mais um texto para a coluna de Barros.

Inicio esse texto citando uma garantia fundamental da Constituição Federal do Brasil, declarada no inciso IV do artigo 5º. “ – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. Faço isso porque foi vetado o impulsionamento do meu texto intitulado: Legalização das Bocas de Fumo. Defendo que será racista a legalização da venda de maconha no Brasil, se for proibido o comércio nas favelas do Rio de Janeiro, único lugar onde a erva era comercializada desde o século XIX, antes da entrada da cocaína nos morros nos idos de 1980. A criminalização da maconha é racista e classista. Maconheiro foi o esteriótipo criado para criminalizar negros e pobres. A cocaína era chique, consumida pelos brancos privilegiados, enquanto a maconha foi historicamente discriminada, pois era um costume dos negros, escravizados e presos na miséria da favela.

O texto foi escrito e assinado por mim. Não sou anônimo, portanto, estou amparado pela Lei Maior do meu país. Antes da decisão do Supremo Tribunal Federal de 15 de junho de 2011, que garantiu a realização da Marcha da Maconha no Brasil, o debate sobre a planta era reprimido em todo o país. Tenho imenso orgulho de ter sido um dos autores que assinaram a representação encaminhada à Procuradoria-Geral da República em 2009, que impulsionou a Ação de Descumprimento Fundamental nº 187, onde o STF declarou que a Marcha da Maconha não poderia ser interpretada como crime de apologia e que é legítimo lutar pela mudança de uma lei.

Assim, no texto sobre a legalização das bocas de fumo, estou levantando o debate sobre o comércio da erva da paz. Digo isso, pois sonho com as Bocas de Fumo legalizadas, da mesma forma que os Coffee Shops, Dispensários e Cooperativas, onde a maconha de boa qualidade é vendida sem armas, como poderia acontecer nos morros do Rio de Janeiro. A planta será uma grande atração turística, da mesma forma que em Amsterdam e como anseia Steve DeAngelo, maior varejista de maconha dos Estados Unidos, para Oakland, Califórnia, lembrando que ele fatura R$ 40 milhões ao ano. E aqui ainda temos a beleza dos morros regado a muito samba, funk e a alegria carioca.

Quero ver esses milhões de reais ficando nas favelas, ajudando na erradicação da pobreza e da marginalização e da falta de saneamento básico. Sonho com a maconha plantada na laje abrindo o apetite para o churrasco. Fico indignado com adolescentes e jovens segurando enormes semi-automáticas vendendo maconha. Ninguém precisa de arma para vender maconha. Toda essa maravilhosa, linda e criativa juventude deveria estar em bons colégios, escolas técnicas, faculdades, imaginem só, tanta criatividade com dignidade!

O debate da maconha em todos os aspectos é livre como a planta. Não adianta querer proibir a lei da natureza com a existência da vida, das sementes, da terra, da água e do sol. Quem criou a semente? Está lá em Gênesis, no terceiro dia.

A maconha é livre e comum a todas e todos.

Planta na Mente na quarta-feira de brasas e Marcha da Maconha no 6 de maio verde.

Sobre André Barros

ANDRÉ BARROS é advogado da Marcha da Maconha, mestre em Ciências Penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Sociopopular da Ordem dos Advogados do Brasil e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros
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