Dra. Dina: conheça quem fornece a maconha de Snoop Dogg

Inveterado amante da erva, Snoop Dogg já foi flagrado fumando maconha nos mais inusitados lugares, com a tranquilidade de não ser preso e uma erva de qualidade que lhe são garantidas por uma antiga amiga dona de um dos mais famosos dispensários da Califórnia: Dra. Dina. Confira a entrevista da Billboard com Dina Browner, a “rainha da maconha”.

Há quase 30 anos, Dina Browner experimentou maconha pela primeira vez, aos 15 anos, pressionada por ninguém mais, ninguém menos, que Snoop Dogg. Hoje em dia, ela é conhecida como Dra. Dina, é uma das donas de um dos mais antigos dispensários no Sul de São Francisco.

Fundadora da ONG Freedom Grow, que ajuda pessoas presas por crimes não violentos relacionados à Cannabis, Dina é a apresentadora do podcast “Cannabis Confidential” e consultora para a série da Netflix Disjointed.

Ela tem sido chamada como “doutora da maconha para as estrelas”, “rainha da maconha” e “Mona Lisa da Mary Jane”.

Billboard conversou com Dina Browner sobre seu trabalho, como conheceu Snoop Dogg e as estrelas com quem tem conexões:

Primeiramente, você é uma médica de verdade?

Não sou médica, não sou certificada pelo conselho. Mas devo dizer que sou certificada por Snoop Dogg, que me deu esse apelido. É a mesma coisa que fazer faculdade de medicina [risos].

Como vocês se conheceram?

Eu o conheci quando tinha 15 anos. Ele me forçou a fumar maconha quando eu tinha 15 anos, foi a primeira vez que eu fumei e foi para eu não dedurar para as mães dos meus amigos que a gente fumava. Snoop estava lá porque o pai de um amigo era seu advogado criminal – foi durante o seu julgamento por assassinato. Anos e anos depois, em 2002, eu abri o meu primeiro consultório médico no Sul da Califórnia que recomendava maconha medicinal em vez de outros remédios e falamos sobre isso abertamente. Quando comecei a fazer isso, ri comigo mesma e pensei ‘estou tornando isso legal – eu deveria encontrar Snoop de novo’. Alguns dias depois, um amigo meu apareceu e ele estava alugando um espaço no estúdio do Snoop. Uma hora depois, fui para o estúdio dele, com um médico, conseguindo maconha legalizada para ele e foi daí que o apelido veio.

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Você imaginou que estava dando início a sua carreira? 

Nunca. Eu honestamente pensei que duraria uns seis meses e teria que fechar. Sabia que a maconha não seria declarada ilegal por fazer mal, mas também achei que o governo iria me forçar a fechar o consultório. Foi uma janela de oportunidade.

Como você decidiu abrir um dispensário?

Todos os dias, pacientes vinham e pegavam suas receitas com o médico – um médico de verdade que trabalhava comigo – e  perguntavam ‘ei, de onde vem a sua maconha? ’. E eu falava ‘talvez, se você descer até o parque, esperar na esquina, alguém vá aparecer’. Essa não é uma boa opção, então fui até um amigo e propus abrir o dispensário. Foi em 2004. Não trabalhamos mais juntos, mas eu continuei na indústria.

O que seus pais acharam?

Eu não contei. Eu morria de medo. No começo, eu disse que trabalhava com medicina alternativa e minha mãe questionou a especialidade do médico para quem eu trabalhava. Anos depois, eu desabafei e expliquei como estava ajudando pessoas e eles se assustaram. Eles amam que eu ajude pessoas, mas estavam com medo das leis federais. Tudo que pude fazer foi reforçar a ideia de que estou seguindo as leis do estado e espero que esteja protegida.

É interessante o estigma sobre a maconha.

Quando assisto ao Oscar, ao Grammy e vejo os vencedores, são meus pacientes… É muito interessante que as pessoas idolatrem usuários de maconha – muitos têm medo de admitir. A maconha tem inspirado a arte e o entretenimento.

Como você acha que seria a indústria da música e do entretenimento hoje em dia sem a maconha?

Acho que a indústria tem andado de mãos dadas com a maconha, então seria difícil imaginar, mas acho que seria um mundo entediante sem ela. Na verdade, os artistas são os novos rostos endossando produtos das empresas nesse novo panorama da erva e eles têm o poder de transmitir essa mensagem para o mundo como Snoop, Wiz Khalifa, 2Chainz, Tommy Chong, a família Marley, Whoopi Goldberg, o espólio de Jimmy Hendrix, entre outros.

Quem são os seus clientes famosos?

2Chainz é um bom amigo e um cliente regular. Alguns não veem problema em serem mencionados: Timbaland, Charlie Hunnam [ator, atualmente no seriado Vikings], o elenco quase inteiro de Sons Of Anarchy – são como meus irmãos.

Como isso aconteceu?

Consegui a primeira receita para o Snoop e ele começou a fumar em todos os lugares sem ser preso, então as pessoas perguntavam para ele, que dizia para ligarem para a Dra. Dina. Nunca me apresentei assim, mas se o telefone tocava e alguém perguntava por Dra. Dina, eu sabia que a pessoa tinha pegado o meu número com o Snoop. Foi assim pelos dois primeiros anos. Antes que eu percebesse, todo mundo que conhecia ele, ou seja, todo mundo, vinha para a loja.

O que eles pedem para você?

É engraçado, todos sabem que eu sei o que eles querem. Nunca perguntam o que eu tenho. É sempre ‘você sabe o que eu quero’. Eu sei. Todo mundo é diferente. É um presente saber combinar as personalidades com as variedades das ervas. Alguns querem ser mais criativos, outros querem apagar. Alguns dizem ‘quero um certo tipo para usar antes de uma reunião, outro para usar quando vou compor’. Eles são bem específicos sobre o quão criativos ou sonolentos querem ser. Tentamos ajudá-los com isso.

Quantas variedades você vende?

Temos mais de 88 variedades na prateleira, que variam de US$ 20 a U$ 65 por 3,5 gramas.

O jeito natural que você fala sobre isso – é uma esperança para o futuro?

Completamente – acho que deveria ser normalizado. A série Disjointed decepcionou muitos ativistas, mas foi abraçada pelos usuários. Eles não entendem que é uma sátira e não percebem a importância de normalizar a maconha falando sobre isso em um seriado. As pessoas se incomodaram, mas está gerando discussões entre gerações e isso é uma vitória para mim.

 

Fotografia de capa: Rolling Stone

 

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