Bancos querem encerrar contas de empresas ligadas à maconha no Uruguai

Encerramentos respondem a normas internacionais e obedecem às exigências das matrizes dos bancos. Espanhol Santander deu prazo de 30 dias e o brasileiro Itaú ainda analisa situação.

Recentemente o Uruguai voltou ao foco do noticiário mundial ao iniciar as vendas da maconha sem grandes problemas, a não ser pela falta de estoque em algumas farmácias. Agora o problema é outro: bancos estrangeiros no país querem fechar contas de empresas ligadas à maconha.

De acordo com o Telenoche, a situação já aconteceu com clientes do Santander e o Itaú analisa fazer o mesmo em breve.

Os encerramentos das contas respondem a normas internacionais e obedecem às exigências das matrizes dessas instituições financeiras. Tanto o Santander de origem espanhola quanto o Itaú, que é brasileiro, são de países onde o comércio de maconha não é regulamentado.

Conforme publicação do jornal “El Observador“, o banco Santander não quis comentar a situação alegando sigilo bancário, já o CEO do Itaú no Uruguai, Horacio Vilaró, disse que “por enquanto” não tomou nenhuma atitude. “Nós estamos fazendo uma investigação que ainda está em estágio preliminar, de modo que não decidimos o que fazer com as empresas envolvidas na venda de maconha”, disse o executivo.

Por esse motivo, clientes do estatal uruguaio Banco República não estão sendo afetados. Este é o caso do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA), órgão que controla a produção e comércio de maconha no país.

Segundo o “El Observador”, uma das 16 farmácias credenciadas para a venda de maconha no país iniciou o processo para deixar de ser um ponto de venda do produto depois que as contas bancárias começaram a ser encerradas. Eles receberam do Santander um pedido para que a decisão seja adiada por 30 dias, enquanto o banco tenta encontrar uma alternativa.

Em entrevista ao jornal, o assessor legal do Centro de Farmácias do Uruguai, Pablo Durán, alegou se tratar de uma das quatro farmácias de Montevidéu autorizadas a vender o produto.

Para Durán isso é “um grande golpe para o sistema”, porque “há muitas farmácias que querem aderir” e não podem operar sem suas contas bancárias. Segundo ele, se não houver uma solução para isso, várias farmácias podem deixar de serem pontos de venda.

Atualmente, há 11.508 adquirentes inscritos no sistema e 20 novas farmácias interessadas na habilitação para venda de maconha, , segundo o Telenoche.

Maconha nas farmácias: Filas nos primeiros dias de venda – Foto Henrique Reichert

Estoque. Para Durán, é muito cedo para avaliar a implementação do sistema, mas a principal dificuldade foi na reposição do estoque da mercadoria, um processo que pode levar dois ou três dias, segundo o assessor legal do Centro de Farmácias.

Conflito Matriz

Embora o país tenha regulamentado a venda de maconha, esta atividade é ilegal na maioria dos países. Segundo advogados consultados por jornais locais, as instituições financeiras estrangeiras seguem as normas de suas matrizes e por isso estão impedidas de trabalhar com agentes vinculados ao comércio de drogas, mesmo quando as operações são realizadas dentro de um país onde seja legal, como é o caso do Uruguai. Com isso, os principais afetados podem ser as farmácias, produtores e clubes de cultivo.

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Sobre Dave Coutinho

Carioca, Maconheiro, Ativista na Luta pela Legalização da Maconha e outras causas. CEO "faz-tudo" e Co-fundador da Smoke Buddies, um projeto que começou em 2011 e para o qual, desde então, tenho me dedicado exclusivamente.
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