BAGULHO DE BILHÃO
Bagulho está nas mãos erradas!
O comércio da Maconha é uma negócio bilionário, e este dinheiro está nas mãos erradas! É o que Dr. André Barros, advogado da Marcha da Maconha, explana neste texto: as discrepâncias e absurdos provenientes da proibição
No primeiro ano de legalização da maconha no Estado de Washington (é o Estado e não a cidade, a capital norte-americana), a venda nas lojas especializadas atingiram o equivalente a 800 (oitocentos) milhões de reais, quase 1 (um) bilhão de reais. O Estado norte-americano arrecadou em torno de 200 (duzentos) milhões de reais em impostos. Esta riqueza não irá para os milionários traficantes, nem para a corrupção do sistema penal punitivo, mas poderá ser destinada à educação e à saúde pública, além de gerar trabalho e renda para muitos, já que é um mercado de características distributivas, com muitas formas cooperadas.
No Rio de Janeiro, onde a maconha é ilegal, seis policiais do BOPE poderão ser expulsos da corporação, porque teriam ficado com 1 (um) milhão e 800 (oitocentos) mil reais apreendidos numa ação policial no morro da Covanca, em Jacarepaguá. Nesse morro, pessoas vivem na pobreza e sem saneamento básico, entre tiros no milionário mercado da bala e no meio de outro milionário mercado ilegal de venda de drogas tornadas ilícitas. Os quase dois milhões de capital não ficam numa comunidade que tanto precisa dessa riqueza. Esse é um caso de apreensão e bem emblemático de quantos milhões circulam entre tanta miséria. O cenário do Rio de Janeiro, cidade que teve o maior população de escravos do mundo, onde a maioria dos moradores das favelas é negra, crianças brincam em valas sujas entres porcos e ratos.
Imaginem quantos milhões devem circular mensalmente no Morro da Covanca e nas favelas do Rio de Janeiro? Essa apreensão e o lucro de quase um bilhão em Washington são indicativos de que no Rio de Janeiro circulam bilhões por ano de maconha e outras substâncias tornadas ilícitas. Raríssimo ver a apreensão de milhões em capital nas operações policiais ou cofres cheios. Esses milhões não ficam nos morros nem mesmo com os chamados traficantes que trocam tiros com policiais também negros e pobres.
Esses milhões, que poderiam ser aplicados em obras de saneamento básico, na saúde básica e incentivos para a juventude estudar, vão para milionários traficantes, que não são negros e pobres, e para o sistema de corrupção do sistema penal-policial.
Este texto é dedicado a Ana Cleide Ferreira Lima, de apenas 41 anos, que morreu atingida por uma bala que veio da operação policial contra o tráfico de drogas tornadas ilegais no Morro do Chapadão. Essa guerra é uma farsa construída por milionários traficantes brancos, que colocam pobres comerciantes de chinelo trocando tiros com policiais também negros e pobres no meio da população também negra e pobre. Essa guerra às drogas é uma farsa racista.
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