#APERTEOVERDE – RENATO CINCO, CANDIDATO A DEPUTADO FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

O Cultura Verde está fazendo uma série de entrevistas com candidatos antiproibicionistas de todo o país e o entrevistado da vez é um dos principais responsáveis pela Marcha da Maconha no Brasil, o Sociólogo e Militante Antiproibicionista eleito a vereador em 2012 com mais de 12 mil votos, Renato Cinco é candidato a Deputado Federal pelo PSOL do Rio de Janeiro com o número 5055.

Caso algum candidato ao legislativo e executivo não tenham sido contactado pelo Cultura Verde e queiram participar da iniciativa basta entrar em contato conosco através da página no facebook ou pelo e-mail culturaverde.rj@gmail.com.

Muito da realidade de altos índices de violência e morte entorno das políticas sobre drogas são resultado de políticas públicas desastrosas. Governos dirigidos por parlamentares proibicionistas que não tratam o tema com seriedade, costumam corroborar com a lógica de guerra e combate às drogas. Nesse sentido o Cultura Verde está fazendo uma série de entrevistas com candidatos antiproibicionistas de todo o país como forma de apresentar a quem tiver interesse, políticos que em geral não tem muito espaço na TV e nas mídias em geral mas que possuem programas antiproibicionistas para as drogas.

O entrevistado da vez é Renato Cinco, um dos principais responsáveis pela organização da Marcha da Maconha no Brasil. A primeira atividade pública do coletivo Cultura Verde foi em 2010, no Congresso de Estudantes da UFF, e Renato Cinco foi o facilitador dessa atividade que marca o início da nossa existência enquanto organização. Nas eleições desse ano o Cinco é candidato a Deputado Federal pelo PSOL do Rio de Janeiro com o número 5055.

Cultura Verde: Cinco, fala um pouco sobre quem é você.

Cinco: Sou sociólogo. Estudei no Colégio Pedro II e na UFRJ. Participo da vida política do país, como militante socialista, há mais de 20 anos. Atuei no movimento estudantil secundarista e universitário. Fui filiado ao PT, mas rompi com o partido no início do primeiro governo Lula. Ajudei a fundar o PSOL. Em 2006, fui candidato a deputado estadual, defendendo a bandeira da legalização das drogas. Tive pouco menos de 3 mil votos. Em 2010, fui candidato a deputado federal, conseguindo a primeira suplência da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, com 9.333 votos. Em 2012, fui candidato a vereador no Rio de Janeiro. Defendi na campanha os direitos humanos, a educação pública e gratuita e os direitos civis dos LGBTTs. Além disso, denunciei o recolhimento compulsório de supostos usuários de drogas. Fui eleito, com 12.498 votos.

Cultura Verde – Porque você é a favor da legalização das drogas?

Cinco: Entendo que a política de proibição das drogas fracassou completamente. Além de não atingir o objetivo de erradicar as drogas ilícitas, o proibicionismo é responsável pela existência de um mercado altamente lucrativo, que funciona sem nenhum controle público. A proibição faz com que as drogas sejam produzidas e vendidas sem regras, que são importantes quando se trata de substâncias que alteram o funcionamento do organismo. Precisamos esquecer a utopia de construir um mundo totalmente livre das drogas e tentar estabelecer um mercado legal, com o Estado atuando como agente de controle, da produção até a venda no varejo.

Cultura Verde – Como e quando ocorreu sua aproximação das pautas e reivindicações antiproibicionistas?

Cinco: Em 2005, ajudei a organizar a oficina “Basta de Guerra às Drogas”, que aconteceu no Fórum Social Mundial. Na mesma época, iniciei minha participação na organização da Marcha da Maconha no Rio de Janeiro. Atualmente, faço parte do Movimento pela Legalização da Maconha (MLM), que ajuda a construir uma agenda antiproibicionista de manifestações, debates e atividades de formação política.

Cultura Verde: Acredita que existe relação entre proibição das drogas e o atual modelo de segurança pública militarizado e repressivo em nosso país?

Cinco: Não só acredito como percebo que o atual modelo de segurança está diretamente ligado ao proibicionismo. O investimento em armamentos de guerra para as forças policiais é justificado como necessário para combater o narcotráfico. A política de ocupação de comunidades carentes é apresentada como necessária para combater o narcotráfico. Essa guerra às drogas é responsável por um absurdo derramamento de sangue (de soldados do tráfico, policiais e inocentes), sem conseguir abalar a estrutura do mercado de drogas ilícitas. Na verdade, a guerra às drogas é uma guerra aos pobres.

Cultura Verde: Tendo como exemplos as atuais iniciativas de legalização da maconha por EUA e Uruguai, qual o modelo de legalização você acredita ser o mais adequado à realidade brasileira?

Cinco: Fico preocupado com um modelo de legalização em que a indústria transforme a maconha em um produto como o cigarro, adicionando substâncias que potencializem a dependência. Nesse ponto, o Estado deve ter um forte papel fiscalizador. Também defendo o direto ao cultivo caseiro de maconha, as cooperativas de usuários e que estes pequenos produtores possam vender o excedente cultivado.

Cultura Verde: Como você avalia a atual política de internação compulsória através de parcerias público/privadas com instituições religiosas para o tratamento ao uso abusivo de crack?

Cinco: Vejo as ações de recolhimento compulsório como um perverso mecanismo de aprisionamento da população de rua em abrigos invisíveis aos olhos de grande parte da população. É comum que os recolhidos sejam colocados em espaços com péssimas condições sanitárias e carentes de equipes psicossociais que atuem no tratamento do uso problemático de drogas. Ainda mais grave é o repasse de verbas públicas para instituições que realizam um tratamento religioso, violando a laicidade do Estado.

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